Fragmentos da leitura de O universo do
escritor, texto do Assis Brasil, publicado no Jornal Rascunho – Edição 267 – Julho 2022.
1
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"O ficcionista sabe o que está a escrever, sabe
aonde quer chegar, e tudo, nesse universo, de repente, se organiza num sutil
jogo de combinações que parece articular-se de maneira espontânea e desde
sempre."
2
...
"A mecânica do mundo, vista pelos olhos do autor,
surge primeiramente como natural, mas logo se transforma na única possível.
Sucedem-se, então, as cadernetas de apontamentos, os papeizinhos soltos pelos
bolsos, os inumeráveis arquivos do computador, os lembretes apressados nos
smartphones, a traidora memória."
3
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"Sabemos como vão reagir a todas as
circunstâncias do enredo. Inumeráveis são os relatos de escritores verazes que
acordam no meio da noite às voltas com suas personagens, por vezes “vendo-as” e
até interagindo com elas."
4
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"Escrever um romance é ir e vir na façanha da
história."
5
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"Então, um fato catastrófico: no metrô, uma
estudante alheia a tudo. Dobrada sobre si mesma, ela lê um livro sobre a
mochila. As emoções do escritor entram em alerta. Longe de ficar feliz, pois
ninguém lê no metrô em nosso país, ele é acossado pela perturbadora ideia da
distância galáctica que existe entre o interesse da estudante por aquele livro
e pelo livro que está sendo escrito com tanto carinho, tempo e lágrimas."
6
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7
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"Os livros têm seu destino de acordo com o
entendimento do leitor. Reconheçamos: é uma quimera esperar que aquela leitora
do metrô venha a sentir o mesmo que o autor sente perante sua própria obra."
8
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"Quanto ao universo do escritor, esse, é dele,
para seu inesgotável prazer."
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