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5.4.21

Para Nivaldo Santiago, In Memoriam

Poema da despedida (Mia Couto)
"Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo."

 

Mia Couto, em "Raiz de orvalho e outros poemas". Lisboa: Editorial Caminho, 1999. Fonte: Prosa e Poesia em Língua Portuguesa (grupo público) 

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