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30.11.21

Arqueologias de Benedito Nunes

As melhores lembranças nestes recentes dias do filósofo paraense e brasileiro Benedito Nunes, a quem tive a enorme alegria de conhecer (e nunca mais esquecer) nos idos anos de 1968. Recomendo a leitura da nota de Robson Vilalba sobre ele publicada no jornal Rascunho em 2012. E sobre a mesa, a edição d´O dorso do tigre (Perspectiva, 1969), que ganhei de presente do meu irmão Nivaldo Santiago (amigo do Benedito Nunes), cujos ensaios estou lendo, lenta e esporadicamente, mas com muito interesse, especialmente o dedicado a Fernando Pessoa. Devo comentar, com algumas palavras, nos próximos dias e tempos, sobre o filósofo e este magnífico livro.

"Benedito Nunes considera o livro O dorso do tigre, lançado originalmente em 1969, sua primeira obra autoral propriamente dita. O título escolhido, como nos revela a sua epígrafe, foi retirado de As palavras e as coisas (1966), de Michel Foucault. Esse filósofo atenta para os jogos de sentido que deram origem à “episteme” moderna. Partindo de vestígios modernos, Foucault tenta, através do trabalho arqueológico do pensador, chegar à origem da construção dos sistemas de saber. Nessa idéia de jogo, o papel fundamental da linguagem é ressaltado, revelando sua importância para o surgimento do conceito de homem, no século 18, já que anteriormente, na visão clássica, ´só havia lugar para o sujeito como objeto´”.

11.11.21

Arqueologias de Fredric Jameson

 "[...] essa discussão sobre a realidade ambígua da cultura (o que quer dizer, no nosso contexto, da própria Utopia) é uma discussão ontológica.  O pressuposto é que a Utopia, que trata do futuro ou do não ser, existe apenas no presente, onde ela leva a vida relativamente débil do desejo e da fantasia. Mas isso significa não considerar o caráter anfíbio do ser e de sua temporalidade, a respeito do qual a Utopia é filosoficamente análoga ao vestígio, só que na outra ponta do tempo. A aporia do vestígio é a de pertencer ao presente e ao passado a um só tempo e, portanto, a de constituir uma mistura de ser e não ser bastante diferente da categoria tradicional de Devir e, por isso, levemente escandalosa para a Razão analítica. A Utopia, que combina o ser-ainda-não do futuro com uma existência textual no presente, é merecedora dos mesmos paradoxos arqueológicos que estamos atribuindo ao vestígio."

(Fredric JamesonArqueologias do futuro: o desejo chamado utopia e outras ficções científicas. Tradução: Carlos Pissardo. Belo Horizonte, Autêntica, 2021, 656 págs). A íntegra deste texto foi publicada no site a terra é redonda em 9 Nov. 2021 

10.11.21

"Escribir en el agua" - John Cage

Mi ‘pensamiento’ requiere cierta sensación de no-saber 

Reproduzo aqui uma nota publicada no dia 6/11, no jornal argentino Página 12, sobre o livro Escribir en el agua, que contém cartas do compositor, escritor e artista norte- americano John Cage. Leitura recomendável do trecho publicado pelo jornal.
E para "ouvir"...."4`33"

4.11.21

De Ricardo Piglia: Leer es pensar

 “Mi madre dice que leer es pensar…No es que leemos y luego pensamos, sino que pensamos algo y lo leemos en un libro que parece escrito por nosotros pero que no ha sido escrito por nosotros, sino que alguien en otro país, en otro lugar, en el pasado, lo ha escrito como un pensamiento todavía no pensado, hasta que por azar, siempre por azar, descubrimos el libro donde está claramente expresado lo que había estado, confusamente, no pensado aún por nosotros. No todos los libros, desde luego, sino ciertos libros que parecen objeto de nuestro pensamiento y nos están destinados. Un libro para cada uno de nosotros. Hace falta, para encontrarlo, una serie de acontecimientos encadenados accidentalmente para que al final uno vea la luz que, sin saber, está buscando” (Ricardo Piglia, in Blanco nocturno, excerto publicado em El buen librero).

3.11.21

Por qué se escribe, Maria Zambrano

"Escribir es defender la soledad en que se está; es una acción que sólo brota desde un aislamiento efectivo, pero desde un aislamiento comunicable, en que precisamente por la lejanía de toda cosa concreta se hace posible un descubrimiento de relaciones entre ellas. Pero es una soledad que necesita ser defendida, que es lo mismo que necesitar de una justificación. El escritor defiende su soledad, mostrando lo que en ella y únicamente en ella se encuentra. Habiendo un hablar, ¿por qué el escribir?"
(Trecho do belíssimo ensaio Por qué escribir, da escritora e filósofa espanhola Maria Zambrano, publicado na revista literária el golem)

Ricardo Piglia - Bibliografia completa

Referência para interessantíssimo portal que contém arquivada a bibliografia do escritor argentino Ricardo Piglia.