Inicio aqui alguns posts que realizarei a partir, entre outros, do magnífico acervo de cartas do Instituto Moreira Salles, Correio IMS. Quanta história pode ser lida através da correspondência dos escritores... No próximo dia 28 de maio/2021, comentarei alguns desses belos documentos no programa do jornalista e amigo Vinícius Cabral no Facebook e You Tube.
“Cada um tem suas razões: para este, a arte é uma fuga; para aquele, uma maneira de conquistar. Mas pode-se fugir para um claustro, para a loucura, para a morte; pode-se conquistar pelas armas. Por que justamente escrever, empreender por escrito suas evasões e suas conquistas? É que existe, por trás dos diversos desígnios dos autores, uma escolha mais profunda e mais imediata, que é comum a todos. Tentaremos elucidar essa escolha e veremos se não é em nome da própria opção de escrever que se deve exigir o engajamento dos escritores.” (Jean-Paul Sarte, O que é a literatura?, Ática, 2004)
Do exílio, Augusto Boal escreve para os seus "caros amigos"
Carta de Augusto Boal para Chico Buarque
"Chico,
Ando nervoso, ansioso, querendo que esse julgamento recomece de uma vez,querendo ganhar de goleada, 10 x 2, mas aceitando um 7 x 6 e não querendo nempensar no contrário. Fico com os olhos grudados no telefone esperando um chamadode Brasília gritando “Ganhamos!”. Vai ser hoje, amanhã, quando? Vamos ver..." (Fragmento de uma carta. Buenos Aires, 3 Mai. 1976)
Meus caros amigos - Augusto Boal - Cartas do exílio
Chico Buarque (1975)
Fernanda Montenegro (1984)
Carta de Ana Cristina Cesar para Caio Fernando Abreu
"Te escrevo, Caio querido, com teu telefonema ainda quente, deixo Proust de lado e a burocracia editorial da lista de nomes e endereços e ceps, que me consola como um álbum de figurinhas. Ando gemebunda. Aguardo bem o livro mas com aflição do número imprensa e dos falsos elogios dos amigos. Lançamento vai ser num lugar ideal, o que para mim significa: a dois metros de casa, nem saio da Baixa Gávea. Detestei fazer a tal biografia, redigi durante dias tentando não fazer número nenhum,atingir uma espécie de grau zero qualquer. Vã. Tomo decisões que não sei se cumpro:levantar cedo, fazer exercícios na praia; ler os clássicos; arrumar a casa. Tudo bem ao chão porque disseram que sou toda ar com o trio gêmeos/leão/libra (por ato falho escrevi “virgo”). Fiz o mapa. Lê pra mim? O astrólogo achei vago, geral demais, muito do perguntador, o que tirava o charme dos adivinhadores e fazia dele, embora americano tranquilo, um sacador de pistas que eu mesma dava. E tudo tão caro! Olha, meu corpo todo dói...". (Fragmento de uma carta - Rio de Janeiro 17 Nov. 1982)
Carta ao amigo, escritor e jornalista João Silvério Trevisan
João Silvério, meu querido amigo:
Considerado um dos maiores contistas do Brasil, Caio abordou temas como solidão, medo, a certeza da morte, o sexo e a atmosfera política (ele mesmo foi perseguido durante a ditadura militar). Autor das obras-primas “Os Dragões Não Conhecem o Paraíso” e “Morangos Mofados”, ele se tornou amigo de importantes figuras do meio cultural. São justamente a memória e a literatura que conectam as amizades pelas diferentes partes do mundo onde Caio esteve. Espalhados por aquelas cidades, seus amigos — como Maria Adelaide Amaral, Luciano Alabarse, Grace Gianoukas e Adriana Calcanhotto — recorrem à sua obra e interpretam seus textos para, assim, celebrarem a existência do escritor." (Trecho da nota publicada no jornal SP Norte)
Sobre a escritora Cidinha da Silva
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