"En esta época de ruidos, en la que la intimidad está dejando de ser un valor, porque todo tiende a exponerse en el escaparate de las redes, él sigue mirando hacia dentro y escribiendo, trazando surcos en el tiempo. Encerrado en su estudio, en compañía de sus autores de cabecera, Lledó ha compuesto un nuevo ensayo que entrega a lectores dispuestos a parar, a reflexionar, a contemplar. Se trata de Identidad y amistad. Palabras para un mundo posible, y en su prólogo nos dice: ´En nuestro tiempo, abrumado por continuas noticias en las que intuimos el consabido término de ´género humano´, se está configurando, poco a poco, el desgénero humano´. Una degeneración que, en la medida de lo posible, habría que luchar por regenerar”.
Trecho do belo ensaio de Emma Rodriguez sobre o livro Identidad y amistad - El mundo como posibilidad, (edição Taurus), publicado no portal Lecturas submergidas.
Conversas sobre as coisas que leio, ouço, vejo e quero compartilhar. Um arquivo de textos jornalísticos e críticos e imagens...fragmentos de ideias, imagens e pensamentos sobre as coisas pelas quais me interesso: arquitetura, artes, cidades, cinema, design, filosofia, fotografia, literatura, memória, moda, música... Peço que, ao mencionarem ou reproduzirem o conteúdo deste blog, deem os créditos, especialmente das fontes originais (Mário Santiago)
Arquivo do blog
6.11.22
Do filósofo Emilio Lledó
Sobre a velhice na Grécia antiga
Los problemas de ser viejo en la antigua Grecia
Recomendo a leitura desta interessante matéria escrita pelo historiador espanhol Francisco Martinez Hoyos, publicada na revista Historia Y Vida/La Vanguardia.
O guia do Herzog.
" ¿Qué tan importante, pregunta Herzog en su ensayo “Sobre lo absoluto, lo sublime y la verdad extática”, es lo fáctico? ´Desde luego, no podemos hacer caso omiso de lo fáctico; tiene un poder normativo. Sin embargo, jamás nos podrá dar la especie de iluminación, el destello extático, del que surge la verdad. "
Trecho do Guia para perplejos, do cineasta Werner Herzog.
2.11.22
Ecos de um certo Outubro de 2022
Brasil: un silencio de sepulcro
(Eric Nepomuceno)
”En
pocas ocasiones, al menos en la historia más reciente de Brasil, la expresión
´silencio de sepulcro´ ha sido tan justificada como ahora, frente al mutismo
absoluto de Bolsonaro luego de la derrota.
Tal sepulcro, sin embargo, se refiere solamente a la trayectoria política del
desequilibrado que supo ser el peor presidente de la Historia de mi país."
(Página12. 01 Nov. 2022)
/////////////////////////
Hacia el tercer turno
(Atilio Borón)
"La duda sobreviene cuando se examina si ese mismo conglomerado político donde incómodamente conviven fuerzas históricamente enfrentadas - unidas como diría Borges más por el espanto que suscitaba Bolsonaro que por el amor que se profesaban- será capaz de garantizar la correcta dirección de la marcha del gobierno e impedir cruciales deserciones y letales episodios de ´fuego amigo´ a medida que se tomen las duras medidas requeridas para enfrentar con éxito la crisis."
(Página12. 01 Nov. 2022)
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Que os mortos tenham direito de votar
(Vladimnir Safatle)"Por isso, hoje não votarão apenas os vivos, votarão também os mortos. Ressurretos por um momento, eles segurarão a mão da insanidade como quem diz: ´Nós não seremos mortos uma segunda vez´."
(A terra é redonda. 30 Out. 2022)
18.10.22
Psicanalistas pela democracia
"A luta contra o autoritarismo, seja de direita ou de esquerda, está no DNA da psicanálise. Não há o que justifique um psicanalista fazer coro com o horror".
Recomendável a leitura do texto da psicanalista Vera Iaconelli, publicado na Folha de São Paulo.
26.9.22
Noemi Jaffe questiona conceito de 'começo'
Uma entrevista muito interessante com a escritora
Noemi Jaffe, realizada pela TV UOL e publicada no
YouTube em 2016, em que a autora comenta com os dois
entrevistadores, entre outros assuntos, o seu Livro
dos começos. Este livro será objeto da Roda de conversas
do Itaú Cultural do dia 24/09/2022.
18.9.22
Música da antiga Grécia
Um belíssimo programa radiofônico que acabo de receber do amigo Cláudio Remião, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que é também o seu idealizador, produtor e apresentador.
17.9.22
Carta do Jamil Chade ao Mark Zuckerberg
Carta a Zuckerberg: a democracia foi hackeada? |
Prezado Mark Zuckerberg, Li nos jornais espanhóis uma notícia que desfarelou meu coração. A polícia descobriu na casa de um ex-carteiro mais de 20 mil envelopes que jamais foram entregues. As contas de luz, os eternos boletos e alertas judiciais estavam lá, para a sorte daqueles que não as receberam. Mas também estavam naqueles sacos de lixo milhares de cartas de amor, pedidos de perdão, convites para uma nova vida, declarações sinceras de amizade. Nenhuma delas jamais entregues. Originalmente, essa carta eu escrevi para minha companheira de correspondências, Juliana Monteiro, e faz parte de um novo livro que vamos lançar, na próxima semana: "Ao Brasil, com Amor" (Editora Autêntica). Agora, eu envio essas palavras ao senhor. Sabe, fiquei pensando quantos namoros asfixiados estavam naquelas sacolas imundas de pó naquela casa descoberta pela polícia. Quantos apaixonados que, diante da falta de uma resposta, fizeram suas malas e deixaram a cidade. Diante do silêncio, mudaram de vida, de amores. O senhor que havia cometido o crime foi devidamente denunciado. Se, enquanto eu lia a história uma certa angústia me tomava o espírito, foi a acusação que me obrigou a refletir. No documento oficial dos procuradores, o delinquente era denunciado e detido por um crime bárbaro: "a infidelidade na guarda de documentos". Infidelidade: quantos crimes foram cometidos em seu nome. Não é verdade que, depois de dedicar horas em um texto, buscar um papel, selo, envelope e, com o coração batendo forte, buscar uma caixa de correio, entregamos tudo à sorte. Há, entre o remetente e o correio, um pacto de confiança. É verdade que se trata de um pacto com regras, contratos, padrões, um sistema sofisticado de envios e até uma organização internacional com sede na palpitante cidade de Berna. Mas, acima de tudo, trata-se de um acordo de confiança mútua. Essa mesma relação é o que marca instituições como o dinheiro. As regras existem, com seus bancos centrais e um elaborado sistema financeiro. Mas aquele pedaço de papel apenas tem um valor por existir um pacto na sociedade de que o lastro é aceito por todos. Em nossas vidas, existe outro acordo: o da democracia. Sim, países contam com constituições, leis, tribunais e uma infraestrutura para garantir que suas regras sejam respeitadas e cumpridas. Mas, uma vez mais, nada disso se sustentaria se não houvesse um pacto de sociedade maior. Hoje, porém, ele está profundamente ameaçado. Numa aliança espúria entre os desiludidos pelas promessas de uma vida melhor, os frustrados pelo capitalismo, os privilegiados que se recusam a abrir mão de seu poder e charlatães de toda espécie, nutre-se a ideia de que existem caminhos alternativos para uma sociedade. Estariam dispostos a operar uma fraude massiva nas urnas? Estariam prontos para uma ruptura? Mas, senhor Zuckemberg, minha impressão é que a ameaça é muito maior e a fraude no sistema já está ocorrendo em grandes proporções. Para que o pacto da democracia e das urnas funcione, a base é a de que todos nós votaremos com pleno controle de nossas consciências. Mas qual a legitimidade de um sistema eleitoral se nossas preferências foram hackeadas? E se nossas decisões foram sequestradas? Saqueadas sem que soubéssemos. Pior, com nossa ajuda. Ao longo de quase duas décadas, entregamos todos nossos dados a um sistema sobre qual não temos controle algum e sequer sabemos como funciona. Descobrimos, nos últimos anos, acordos entre essas plataformas e serviços de inteligência. Descobrimos contratos entre essas empresas e a venda de nossas informações, transformando garotos em bilionários. O senhor sabe do que estou falando. Certa vez, em Londres, Julian Assange me recebeu na embaixada do Equador, onde ele fugia da polícia. Num papo longo, ele insistia que as redes sociais poderiam ser chamadas como "o maior roubo da história". E com a nossa cumplicidade. Claro, o roubo de todos nossos dados, nossa privacidade e, talvez, de nossos destinos. Para as redes que nos dão a impressão de serem virtuais, contamos quantos filhos temos, o que compramos, quem admiramos, quem são nossos amantes e entregamos as mentiras para proteger um segredo. Postamos nossas alegrias e nossas tristezas. Hoje, o senhor sabe mais de mim que minha mãe. No fundo, vocês me conhecem melhor que eu mesmo. Sabem onde eu sugeri um encontro entre a minha casa e a da pessoa pela qual me apaixonei. Ela sabe o que pensei no dia 1 de janeiro de 2016, numa madrugada de insônia, no dia do nascimento do meu primeiro filho ou em qualquer outra data. Está armazenado no sistema quais palavras eu coloquei num buscador e, portanto, o que eu estava pensando. Nenhum regime totalitário, com sua ampla rede de espiões e tentativa de controle, jamais sonhou ter em suas mãos tal poder sobre sua população. Mas essa, sr. Zuckerberg, não é apenas uma história do confisco de nossos dados, transformado em fortunas inimagináveis. Há, no fundo, uma batalha por nossas consciências. Na verdade, uma guerra total. Se eu posso saber cada uma das preferências daquela pessoa, nada me impede de levá-la a consumir certos produtos. E oferecer exatamente o que ela achou que precisava. Nada me impede de apresentar àquele potencial consumidor um novo artista, com base nas preferências que eu sei daquele meu cliente. E nada me impede de, eventualmente, direcionar o debate político ou social para favorecer um certo movimento político. Eu posso ensinar o ódio, o nojo e o desprezo. Eu posso erguer um mito. O voto consciente, portanto, estaria ameaçado por um sistema capaz de criar uma realidade paralela e deslocada. No século 21, nossas consciências estão no centro do debate. Mas, aqui, retomo o questionamento do historiador Yuval Noah Harari. Sem o controle sobre nossas decisões, o sistema democrático entraria em colapso? Qual legitimidade do voto se minha escolha não é mais minha? Eles saberão de nosso futuro antes de nós mesmos? Mas se eu sei o teu futuro antes de você, eu talvez possa moldar esse teu destino, sempre deixando que você acredite que foram tuas as decisões. Na Primavera Árabe, um cartunista amigo meu, Patrick Chappatte, rabiscou algo que revelava muito daquele momento e do otimismo que tínhamos sobre as redes sociais. Ele desenhou um encontro fictício entre Hosni Mubarak e outros ditadores da região. Pela janela do local onde os líderes autoritários conversavam, podia-se ver uma multidão que pedia democracia. E um deles questionava aos demais: quantos inimigos vocês têm hoje no Facebook? Sim, era ainda um momento de esperança das redes sociais. Hoje, sem controle, são essas mesmas plataformas que podem cancelar a democracia. O pacto foi desfeito? Será que ele chegou a existir? Ao mandar esta carta ao senhor, espero que o correio cumpra sua parte do acordo. Se alguém vai definir meu destino, que seja arrombando a porta da minha casa, do meu coração. E que eu esteja com minhas faculdades mentais intactas. |
6.9.22
A escuta nas ruas
Terça, véspera do feriado! Apareço aqui para divulgar o excelente dossiê publicado na edição 285, deste Setembro, da revista Cult.
Onde mora o perigo, lá também cresce o que salva
(Friedrich Hölderlin)
"No século 20, repetimos inúmeras vezes esse verso de Hölderlin sem saber como ele seria atual no século 21. Indivíduos, grupos, sociedades estão sendo atravessados ininterruptamente por processos individuantes que dissolvem e transfiguram o rosto do mundo. O Estado-nação também se transforma em Estados plurinacionais – a Bolívia já conquistou e o Chile ensaia essa possibilidade –, e o conceito-experiência de revolução que vivemos desde a Revolução Francesa já não nos serve. Ele sofre uma nova mutação, torna-se micropolítica, e não só no Brasil, mas na América Latina como um todo" (trecho do artigo da psicoterapeuta e professora Amnéris Maroni, nessa publicação). Leitura altamente recomendável.
4.9.22
Spinoza, nosso contemporâneo?
Interessantíssimo dossiê sobe a contemporaneidade do pensamento de Baruch Spinoza, publicado no número 285 (Setembro 2022) da excelente revista Letras Libres. Recomendo também a leitura do artigo de Christopher Domínguez Michael, Proust y su mundo mataron a Roland Barthes, na mesma revista.
29.7.22
Música do Elomar...
27.7.22
Do Luiz Antonio de Assis Brasil
Fragmentos da leitura de O universo do
escritor, texto do Assis Brasil, publicado no Jornal Rascunho – Edição 267 – Julho 2022.
1
...
"O ficcionista sabe o que está a escrever, sabe
aonde quer chegar, e tudo, nesse universo, de repente, se organiza num sutil
jogo de combinações que parece articular-se de maneira espontânea e desde
sempre."
2
...
"A mecânica do mundo, vista pelos olhos do autor,
surge primeiramente como natural, mas logo se transforma na única possível.
Sucedem-se, então, as cadernetas de apontamentos, os papeizinhos soltos pelos
bolsos, os inumeráveis arquivos do computador, os lembretes apressados nos
smartphones, a traidora memória."
3
...
"Sabemos como vão reagir a todas as
circunstâncias do enredo. Inumeráveis são os relatos de escritores verazes que
acordam no meio da noite às voltas com suas personagens, por vezes “vendo-as” e
até interagindo com elas."
4
...
"Escrever um romance é ir e vir na façanha da
história."
5
...
"Então, um fato catastrófico: no metrô, uma
estudante alheia a tudo. Dobrada sobre si mesma, ela lê um livro sobre a
mochila. As emoções do escritor entram em alerta. Longe de ficar feliz, pois
ninguém lê no metrô em nosso país, ele é acossado pela perturbadora ideia da
distância galáctica que existe entre o interesse da estudante por aquele livro
e pelo livro que está sendo escrito com tanto carinho, tempo e lágrimas."
6
...
7
...
"Os livros têm seu destino de acordo com o
entendimento do leitor. Reconheçamos: é uma quimera esperar que aquela leitora
do metrô venha a sentir o mesmo que o autor sente perante sua própria obra."
8
...
"Quanto ao universo do escritor, esse, é dele,
para seu inesgotável prazer."
Voltando de uma quase longa trégua....
Após uns dias de trégua, volto a registrar aqui traços de memória de leitura.
7.7.22
Osvaldo Amaral, in Memoriam!
"A dúvida do designer". Este depoimento (ou confissão, como queiram) assinado pelo estimado e inesquecível amigo Osvaldo Amaral, foi publicado no segundo número da Revista Transverso, da Escola de Design da Uemg (Julho/2011). Para ler o citado texto basta clicar na foto do Osvaldo, no site da editora Atafona.
3.6.22
Elsa e Fred. Excelente filme
Link para assistir ao filme. Altamente recomendável!
Descoberta importantíssima da ciência
Hoje levantei da cama muito comovido com esta entrevista. Um acontecimento extraordinário da ciência brasileira, mérito dos médicos do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre/RS. A entrevista foi ouvida no Jornal da CBN desta manhã. Altamente recomendável!
O médico Pedro Isaacsson Velho, oncologista do Hospital Moinhos de Vento, receberá o prêmio Career Development, da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.
2.6.22
MPB4 e os cantores Kleiton & Kledir - encontro histórico!
"El pueblo" e sua representação política, segundo Freud e Sebastián Plut
Freud y la psicología de los pueblos
"Cuando Freud formula que la hipótesis filogenética permite tender un puente sobre el abismo entre psicología individual y de las masas está afirmando, por un lado, que el abismo es el negativo del pueblo y, por otro lado, que no debemos olvidar nuestro pasado, nuestros orígenes, nuestra historia, colectiva y de la especie. Con ello, evocamos el libro Ser judío de León Rozitchner. Él se pregunta sobre su pertenencia a la comunidad judía, y por qué no debía renunciar a esa identificación para ser revolucionario. Sostiene que lo que siente en común con todos los judíos es pertenecer a una comunidad que, por el mero hecho de serlo, les ha valido la persecución y la muerte" (interessante texto do psicólogo e psicanalista argentino Sebastián Plut, publicado no jornal Página 12 de hoje). Leitura recomendável! Há outros artigos muito interessantes do autor, no mesmo jornal.
1.6.22
Para não esquecer o Gabo
"Houve alguns meses muito difíceis, não faz tanto tempo, em que recordava sua esposa da vida inteira, mas achava que a mulher que estava na frente dele, garantindo que era ela, não passava de uma impostora.
“Por que essa mulher está aqui dando ordens e controlando a casa se não é nada minha?” A mãe reagia com raiva. “O que está acontecendo com você?”, perguntava com incredulidade. “Não é ele, mamãe. É a demência.” Ela me olhava como se eu tentasse enganá-la. Surpreendentemente, esse período passou, e na mente do meu pai ela recuperou o lugar que pertencia à minha mãe como sua acompanhante principal.
Quando meu irmão e eu o visitamos, ele olha longa e vagarosamente para nós, com uma curiosidade desinibida."
(Gabo y Mercedes: una despedida, edição em espanhol da Literatura Random House, 2021, lido em e-book)
Milton Gonçalves, in Memoriam
Para compreender a vida e um pouco da dramaturgia do grande ator brasileiro. Guardado aqui nas minhas gavetas há alguns anos e retirado agora para rememorar Milton Gonçalves, que partiu na última segunda-feira.
Milton Gonçalves e Tony Ramos, em memorável conversa no programa A arte do encontro, de 2018.
11.5.22
Fragmentos
Fragmento de um livro belíssimo, uma conversa entre os diretores japoneses Nagisa Oshima, Akira Kurosawa e o escritor Gabriel Garcia Márquez.
"A los jóvenes aspirantes que llaman a mi puerta les insisto en esto: ´Hoy en día cuesta mucho dinero hacer una película, y es difícil llegar a ser director. Debes aprender y experimentar cosas variadas para ser director, y eso no se consigue fácilmente. Pero si de verdad quieres hacer películas, escribe guiones primero. Todo lo que necesita un guión es un papel y un bolígrafo. Sólo a través de la escritura de guiones aprenderás los detalles de la estructura de una película y lo que es el cine´. Eso es lo que les digo, pero ellos no lo hacen. Encuentran que escribir es muy duro, y así es. Escribir guiones es un trabajo muy duro, es más, Balzac dijo que para los escritores, incluido los novelistas, lo más necesario y esencial era poseer la paciencia para llevar a cabo la tarea de escribir palabras de una en una. Esa es la primera condición para cualquier escritor. Cuando consideras la obra completa de Balzac desde ese punto de vista, es simplemente asombroso porque ha producido un volumen tal de escritos que nos llevaría una vida leerlos todos.
¿Sabe usted cómo escribía Balzac?
Es muy interesante, iba escribiendo e inmediatamente lo enviaba a la imprenta. Cada página se imprimía en una hoja así de grande. Cuando le llegaban las páginas impresas de vuelta, hacía correcciones al margen hasta tal punto que del original quedaba poco. Entonces mandaba las correcciones al impresor. Era una buena forma de trabajar, aunque debía de ser duro para el impresor. Era capaz de producir tanto gracias a ese método. Aquel podía ser un ingrediente, pero el aspecto esencial era tener la paciencia de escribir una palabra tras otra hasta alcanzar la expresión adecuada. Mucha gente carece de esta paciencia. Sólo necesitas papel y bolígrafo para escribir un guión. Cuando quedaba con Naruse en una posada para escribir, solía visitarlo en su habitación. Tenía papel y bolígrafo sobre la mesa. Mientras hablábamos, él escribía algo de vez en cuando… aquellas líneas podrían transformarse en uno de sus maravillosos guiones. Es una bonita historia, pero si le pedía ver lo que estaba escribiendo, él tan solo reía entre dientes. Alguna vez escribió algo así como que estos y otros personajes estarían en una habitación haciendo algo…
Solamente ´algo´ ¿nada concreto? [Risas]
Para Naruse bastaba con aquella descripción, pues él sería el director, no necesitaba ser más concreto… pero aquel ´algo´ fue divertido… La tediosa tarea de escribir ha de convertirse en una segunda naturaleza para ti. Si te sientas y escribes tranquilamente durante todo el día, tendrás al menos dos o tres páginas, aunque haya sido una batalla. Si lo mantienes, podrás llegar a tener dos centenares de páginas en poco tiempo. Creo que los jóvenes de hoy no conocen este truco. Ellos empiezan y pretenden terminar inmediatamente. Cuando vas a escalar una montaña, lo primero que te dicen es que no mires la cima, sino que mantengas los ojos clavados en el suelo mientras asciendes. Vas subiendo pacientemente paso a paso, y si miras a la cima, acabarás frustrado. Creo que escribir es lo mismo. Necesitas acostumbrarte a la tarea de escribir. Se necesita un esfuerzo para aprender a verlo no como algo penoso, sino como una rutina. Pero la mayoría tiende a rendirse a mitad de camino. Les suelo decir a mis ayudantes de dirección que si se dan por vencidos una vez, acabarán así siempre y se rendirán ante las primeras dificultades. Les digo que escriban —no importa qué— hasta que tengan algún tipo de final. Digo: ´no se te ocurra abandonar, aunque se haga duro a mitad del camino´, pero cuando las cosas se ponen difíciles, ellos se rinden. Además, los jóvenes de hoy no leen, no creo que ninguno de ellos haya leído la literatura rusa en profundidad. Es importante que en algún momento hagan una serie de lecturas. A menos que tengas una buena reserva dentro, no podrás crear nada. Por eso digo a menudo que la creación proviene de la memoria. La memoria es la fuente de la creación, no puedes crear algo a partir de la nada. Tanto si es de lecturas o de tus propias experiencias, no podrás a menos que tengas algo en tu interior. En este sentido, es importante hacer lecturas variadas. Las novelas actuales están bien, pero creo que también hay que leer a los clásicos. Si se estableciera una escuela de cine, sería importante hacer hincapié en las lecturas."
Encontrei este fragmento no blog Calle del Orco.
8.5.22
Do Eduardo Galeano
Los nadies
Sueñan las pulgas con comprarse un perro
y sueñan los nadies con salir de pobres,
que algún mágico día
llueva de pronto la buena suerte,
que llueva a cántaros la buena suerte;
pero la buena suerte no llueve ayer, ni hoy,
ni mañana, ni nunca,
ni en lloviznita cae del cielo la buena suerte,
por mucho que los nadies la llamen
y aunque les pique la mano izquierda,
o se levanten con el pié derecho,
o empiecen el año cambiando de escoba.
Los nadies: los hijos de los nadies, los dueños de nada.
Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:
Que no son, aunque sean.
Que no hablan idiomas, sino dialectos.
Que no profesan religiones, sino supersticiones.
Que no hacen arte, sino artesanía.
Que no practican cultura, sino folklore.
Que no son seres humanos, sino recursos humanos.
Que no tienen cara, sino brazos.
Que no tienen nombre, sino número.
Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local.
Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
(El libro de los abrazos, editora Siglo XXI)
24.4.22
Entrevista com David Grossman - Imprescindível!
Lendo Alejandra Pizarnik (4)
Hijas del viento.
Para ler e pensar!
22.4.22
Maria Teresa Horta, nos 50 anos das "Novas cartas portuguesas"
Dizem que "para bom entendedor, pingo é letra".
Pois é...
Para ler, pensar e comentar.....
Matéria muito importante.
“Escrever as Novas Cartas Portuguesas foi uma das coisas mais importantes da minha vida”
Maria Teresa Horta recorda nascimento das “Novas ´Cartas Portuguesas”
50 anos depois
Susan Sontag, "Sob o signo de Saturno"
“´Benjamin projetou a si mesmo, seu temperamento, em todos os seus temas principais, e seu temperamento determinava a escolha dos assuntos sobre os quais escrevia´”. "´Para a autora, Benjamin alcança seu brilhantismo quando promove o encaixe entre tema, temperamento e reflexão crítica — o que faz ao escrever sobre Baudelaire, Proust, Kafka, Karl Kraus, chegando até ´a encontrar um elemento saturnino em Goethe´”. "Em Benjamin, Sontag encontra um modo de fazer crítica que realiza ´um uso seletivo da vida em suas meditações mais profundas sobre textos´”, informação que “´revelava o melancólico, o solitário´”.
Para ler o texto integral da resenha:
Susan Sontag e o paradoxo da melancolia
15.4.22
Ciência, filosofia e poesia, fractais do pensamento
E aqui vai um estudo belíssimo estudo,"Sobre lo bello y lo sublime en Matemática, Física y Poesía", publicado pela revista Círculo de Poesía, sobre a frequente e imprescindível relação entre essas três dimensões do pensamento. Altamente recomendável. Para ler, pensar e compartilhar...
"Y si la construcción del fractal involucra variables aleatorias (no determinista) vamos direccionando la matemática (que es el lenguaje de la física y tal vez, como diría Galileo, el de la naturaleza) de lo bello a lo sublime." Filosofia, ciência e poesia não poderiam ser compreendidas como dimensões fractais do pensamento?
14.4.22
Agamben: o pensamento como coragem
Entrevista com o filósofo italiano, publicada no site da editora Boitempo em 26 Ago. 2014.
Um trecho da entrevista:
"Quem é o supremo contemporâneo – o poeta? Ou o filósofo?"
"Minha tendência é não opor a poesia à filosofia, no sentido de que essas duas experiências tem lugar dentro da linguagem. A casa de verdade é a linguagem, e eu desconfiaria de qualquer filósofo que iria deixá-la para outros – filólogos ou poetas – cuidarem desta casa. Devemos cuidar da linguagem, e eu acredito que um dos problemas essenciais com os meios de comunicação é que eles não mostram tanta preocupação. O jornalista também é responsável pela linguagem, e será por ela julgado."
13.4.22
Sobre a dificuldade de ler, Giorgio Agamben
Acima, link para um interessante texto do Giorgio Agamben. "Os vários casos da ilegibilidade de um livro, ou do 'livro da vida'".Bastante recomendável!
"Gostaria de dar um conselho aos editores e àqueles que trabalham com livros: parem de atentar para as infames – sim, infames – listas de livros mais vendidos e (presume-se) mais lidos e, ao contrário, tentem construir mentalmente uma lista dos livros que exigem ser lidos. Só um mercado editorial baseado nessa lista mental poderia fazer o livro sair da crise que – pelo que ouço dizer e repetir – ele está atravessando."
E este excelente texto, "Agamben investiga o ´mistério´ da literatura" publicado no Suplemento Pernambuco em 2018.
11.4.22
"Vida interminable", belíssimo conto de Isabel Allende
Belíssimo conto da escritora peruana Isabel Allende, que acabo de encontrar e compartilho aqui. Clicando sobre o trecho inicial deste conto, pode-se ter acesso ao texto integral, através do blog onde o encontrei.
"Hay toda clase de historias. Algunas nacen al ser contadas, su substancia es el lenguaje y antes de que alguien las ponga en palabras son apenas una emoción, un capricho de la mente, una imagen o una intangible reminiscencia. Otras vienen completas, como manzanas, y pueden repetirse hasta el infinito sin riesgo de alterar su sentido."
1.4.22
26.3.22
Estudos sobre Alejandra Pizarnik e Ana Cristina Cesar
Recomendável a leitura destes dois belíssimos estudos comparativos entre a poesia de Alejandra Pizarnik e Ana Cristina Cesar, de autoria da estimadíssima e sempre muito bem lembrada professora Graciela Ravetti (in Memoriam). Leitura altamente recomendável!
"Entre a vidência e a mão artesã: Ana Cristina Cesar e Alejandra Pizarnik"
"Alejandra Pizarnik y Ana Cristina Cesar: los bordes del sistema"
O primeiro deles foi publicado na Aletria: Revista de Estudos de Literatura, da Faculdade de Letras da UFMG, e o segundo na revista Litcult.
25.3.22
Conversas sobre Alejandra Pizarnik (1)
Recomendáveis estas conversas sobre a escritora e sua obra.
1.3.22
Lendo Alejandra Pizarnik (3)
Link para uma edição dos seus Diarios, da Casa del Libro.
https://www.casadellibro.com/libro-diarios-edicion-definitiva/9788426422576/2197252
Lendo Alejandra Pizarnik (2)
Uma belíssima nota, cuja leitura é altamente recomendável, de autoria do escritor espanhol Enrique Vila-Matas.
La poeta que lloró hasta romperse.
Crece imparable la leyenda de Alejandra Pizarnik, no porque se matara joven en 1972, sobredosis de seconal, a la edad de 36 años , sino porque las fuerzas de su lenguaje, unas «damas solitarias y desoladas», resisten el paso del tiempo. Esas damas solitarias eran las palabras, que a su vez para ella eran temas. Cada palabra un tema. Sueño, muerte, infancia, terror, noche. Combinó estos temas incansablemente con una gran confianza en el lenguaje, que paradójicamente acabó despertando en ella la sospecha de que sus palabras tenían una dimensión mortal y tal vez lo único que nombraban era la ausencia.
«Alejandra Pizarnik», escribe Luis Chitarroni. «Basta nombrarla para que en el aire vibren la poesía y la leyenda. Una lírica extrema y también una tragedia».
Crece imparable el mito de Alejandra Pizarnik, sobre todo entre los lectores jóvenes, que ven en ella a alguien de la estirpe de Lautréamont y Artaud, que ven en ella como ha dicho Ana María Moix a una poeta que se internó por infiernos raramente visitados por la poesía contemporánea escrita en castellano. Crece su leyenda entre los jóvenes porque éstos andan averiguando por su cuenta no porque se lo faciliten las editoriales: de ahora que hubo en la literatura unos tiempos en los que los escritores eran figuras envueltas en el misterio, personajes excéntricos e inexplicables. Gente de otro mundo, no como los escritores actuales que en su mayoría declaran ser gente común y corriente, que tiene en el banco una cuenta corriente y administra la literatura desde el burócrata escritorio de su despacho corriente.
Al encanto de Pizarnik de ser una figura envuelta en el misterio y una personalidad inexplicable, hay que añadir el hecho de que palabra por palabra ella escribía la noche, y el lector que se acerque a ella descubrirá que esa escritura nocturna, que tenía un alto sentido del riesgo, nacía de la más pura necesidad, como a pocos escritores del siglo XX se les ha visto: una lírica extrema y también una tragedia.
A Alejandra Pizarnik le gustaban las noches ilusorias o artificiosas, las condesas sangrientas, lo negativo («mi horizonte de maldoror con su perro»), el castillo de la pureza asombrosa de sus versos, el arte combinatorio (que ya hemos dicho que, limitado a unas cuentas palabras poéticas prestigiosas, la fue llevando al silencio y al suicidio de las mismas), el surrealismo, el abandono repentino en que caían sus poemas minimalistas y que ella pensaba que el lector debía completar, Arthur Rimbaud, la idea de matar al sol para instalar el reino de la noche negra, las anfetaminas y los antidepresivos, Lewis Carroll a través de sus espejos, las chicas jóvenes que se abren y se cierran en un ritmo animal muy puro, la Inmadurez (de la que hablaba Gombrowicz) como potencia oscura, los poemas-aforismos de Antonio Porchia, las extracciones de una piedra llamada locura, y el arte de Janis Joplin, a la que se comparó en unos versos: «Hay que llorar hasta romperse / para crear o decir una pequeña canción, / gritar tanto para cubrir los agujeros de la ausencia / eso hiciste vos, / eso yo».
La potencia oscura de su Inmadurez produce una atracción irresistible, sorprende en estos aburridos tiempos de poesía de la experiencia o de lírica académica. Alejandra Pizarnik había nacido en Avellaneda, Argentina, hija de padres inmigrantes rusos y su biografía literaria comenzó muy pronto. En 1955, en Buenos Aires, la editorial Botella al Mar le publica su primer poemario, La tierra más ajena. Suele decirse que hizo de su vida y de su obra, a la manera de los poetas románticos o de un Antonin Artaud, una única aventura. Pero esto probablemente es discutible y además lleva a algunos comentaristas de su obra a llamarla «pequeña sonámbula en la cornisa de la niebla» y otras sandeces.
Entre 1960 y 1964 estudió en París, donde entró en contacto con Octavio Paz y Julio Cortázar, y con escritores franceses como, por ejemplo, Pieyre de Mandiargues, que le escribió con motivo de la publicación del que a mí me parece el más insomne y perturbador de sus libros, Extracción de la piedra de locura: «Tengo amor a tus poemas: querría que hicieras muchos y que tus poemas difundieran por todas partes el amor y el terror».
«La que murió de su vestido azul está cantando. Canta imbuida de muerte al sol de su ebriedad. Adentro de su canción hay un vestido azul, hay un caballo blanco, hay un corazón verde tatuado con los ecos de los latidos de su corazón muerto», puede leerse en ‘Cantora nocturna’, poema en prosa de Extracción de la piedra de locura, poema dedicado a Olga Orozco.
Amor y terror y tendencia al silencio y, sin embargo, Pizarnik canta. Regresó a Buenos Aires en 1964, donde escribiría obras maestras como El infierno musical al tiempo que hacían su aparición ciertos fantasmas mentales. Años de versos y de terapias psicoanalíticas y de frustrados intentos de suicidio con barbitúricos, y el insomnio peligroso siempre como telón de fondo, máscaras de la noche en lugares perdidos que sólo ella conocía: «Invitada a ir nada más que hasta el fondo».
La edición de su Poesía completa, a cargo de Ana Becciú, recoge la obra poética publicada en vida de Pizarnik, los poemas póstumos recogidos por Olga Orozco y la propia Ana Becciú, y publicados en 1982 en Argentina, y poemas que han permanecido inéditos hasta la fecha. Todo esto a la espera de un segundo volumen también en Lumen que recogerá su obra en prosa, y un tercero muy esperado en el que podremos leer sus Diarios, es decir, podremos acercarnos a la verdadera vida de la escritora, ya que, a pesar de que suele decirse que fundía literatura y vida en sus poemas, hay motivos para sospechar que su voz no era tan subjetiva como se ha venido pensando hasta ahora; hay motivos para creer que en realidad esta poeta se fue construyendo como soporte de sus versos una personalidad que, bajo la apariencia de continuidad de una voz poética torturada, en realidad estaba constituida por muchas voces, tantas como las voces de Antonio Porchia, un gran poeta hoy absurdamente olvidado, su más que probable faro literario.
Y es que tal vez como dice César Aira la obra de Alejandra Pizarnik no sea más que la investigación de las metamorfosis del sujeto en la poesía, realizada con espíritu científico sobre los hechos mismos. De ahí que los poemas inéditos que se incluyen en Poesía completa den la impresión de que ella se encontraba a las puertas de darle una nueva vuelta de tuerca a su engañosa pero rigurosa subjetividad. Lo digo para quien quiera escucharme: cuando veamos que vida y obra se funden en la figura de un escritor, pensemos que la vida de éste es deliberadamente falsa y ha sido inventada sólo para dar soporte a la obra, que sí es verdadera.
Encontraron un poema póstumo escrito con tiza en el pizarrón de su cuarto de trabajo: «Criatura en plegaria / rabia contra la niebla / escrito en el crepúsculo / contra la opacidad / no quiero ir nada más que hasta el fondo / oh vida / oh lenguaje / oh Isidoro». El conde de Lautréamont es Isidoro. Es como si este conde sangriento tuviera la llave que, al cerrarse la obra de ella para siempre, la abría al mismo tiempo al misterio del universo, lo que aseguraría la eterna juventud de esta dama solitaria y desolada de la poesía, hoy aparentemente parada. Está parada (diría Gombrowicz). Y está parada de modo tan absoluto y definitivo como si estuviese sentada.
Babelia, 3 de marzo de 2001
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Fonte desta nota:
https://hablodemi.wordpress.com/2011/04/08/hello-world/
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Inicialmente encontrada no link abaixc, mas já não está mais disponível.
http://www.elpais.es/suplementos/babelia/20010303/b04.html
Lendo Alejandra Pizarnik (1)
A poesia de Alejandra Pizarnik chega ao Brasil
Com tradução de Davis Diniz, dois livros já estão disponíveis: Árvore de Diana (1962) e Os Trabalhos e as Noites (1965).
A obra poética da argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972) finalmente chegou ao Brasil no formato livro: o preenchimento da lacuna ficou por conta da Relicário Edições, de Belo Horizonte (MG). Com tradução de Davis Diniz, dois livros já estão disponíveis: Árvore de Diana (1962, nesta edição com prefácio de Marília Garcia) e Os Trabalhos e as Noites (1965, com prefácio de Ana Martins Marques), em edições bilíngue.
Nesta quinta-feira, 30, a editora e o Instituto Cervantes de São Paulo (Av. Paulista, 2439) fazem um evento de lançamento dos livros, às 19h: será exibido o documentário Alejandra (2013), dos cineastas argentinos Virna Molina e Ernesto Adito (que narra a vida e os principais conflitos da poeta), seguido de bate-papo entre a escritora e professora de teoria literária da USP, Paloma Vidal, e do tradutor dos livros.
O trabalho de Pizarnik ainda tem pouca penetração no Brasil: alguns poemas tinham sido publicados em revistas, periódicos e poucos trabalhos acadêmicos, e o romance A Condessa Sangrenta saiu aqui em 2011 pela Tordesilhas. Na Argentina, porém, ela é celebrada - a professora da Universidade de Buenos Aires e pesquisadora da obra de Pizarnik, Evelyn Galiazo, diz que "os inusitados alcances de sua aposta estética a convertem em uma das escritoras fundamentais do século 20, junto com a brasileira Clarice Lispector e a uruguaia Marosa di Giorgio".
Os poemas sempre curtos trazem construções fluidas condensadas em imagens poderosas: "Eu dei o salto de mim à alba. / Eu deixei meu corpo junto à luz / e cantei a tristeza do que nasce", diz o primeiro poema de Árvore de Diana - uma das principais discussões sobre a sua obra se concentra nas intersecções entre vida e literatura, discussão da qual ela própria foi artífice. Pizarnik se suicidou aos 36 anos e seu último poema marca sua lápide em Buenos Aires: "no quiero ir / nada más / que hasta el fondo".
"O suicídio é um acontecimento radical, que provoca muita perplexidade. No caso dos escritores e escritoras, buscam-se rastros nas obras, evidentemente, e é difícil não achá-los, porque a escrita é com muita frequência uma confrontação com a morte e com a finitude, e com a incompreensão que provocam", explica Paloma Vidal.
"No caso de Pizarnik, essa é uma questão privilegiada, para a qual ela cria um vocabulário insistente, em imagens depuradas, delicadas e terríveis. É um fantasma que ela ronda e que a ronda obsessivamente, em poemas breves que têm um grau de condensação impressionante, em torno da morte, da tristeza, da solidão, do silêncio, do medo, todo uma constelação atravessada por uma compreensão negativa do que é estar viva, do que é a relação consigo mesma, com o mundo, com os outros, com a poesia."
Considerada uma referência "inevitável" na cena poética argentina de hoje pelo escritor e crítico Damian Tabarovksy, Pizarnik combina um surrealismo tardio ("junto com Cortázar, sua poesia expressa a última geração de escritores argentinos influenciados pela vanguarda francesa, um mundo que em seu momento foi muito produtivo e novo") com uma dimensão existencial.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Fonte desta nota:
https://www.diariodaregiao.com.br/_conteudo/2018/08/cultura/literatura/1120304-a-poesia-de-alejandra-pizarnik-chega-ao-brasil.html [Acesso: 01 Mar. 2022]
24.2.22
20.2.22
Una breve nota sobre el nuevo film de Alomodóvar
“Está na hora de você saber em que país mora. Parece que a sua família não te contou a verdade sobre o país. Há mais de 100 mil desaparecidos, enterrados por aí, em valas e perto de cemitérios. Seus netos e bisnetos querem poder desenterrar seus restos mortais para dar a eles um enterro digno, porque prometeram isso às suas mães e avós. E, até fazermos isso, a guerra não terá acabado. Você é nova, mas está na hora de saber onde seus pais e sua família estava."
8.2.22
Les temps e Sartre
"Quer escreva, quer trabalhe na linha de produção, quer escolha uma mulher ou uma gravata, o homem manifesta sempre: ele manifesta seu meio profissional, sua família, sua classe e, finalmente, como está situado em relação ao mundo inteiro, é o mundo inteiro que ele manifesta. Um homem é toda a terra. Está presente em todos os lugares, age em todos eles, é responsável por tudo. É em todos os lugares, Paris, Postdam, Vladivostok, que seu destino está em jogo. Aderimos a esta visão porque elas nos parecem verdadeiras, porque nos parecem socialmente úteis no momento presente, e porque a maior parte das pessoas nos parecem pressenti-las e reivindicá-las. Nossa revista gostaria de contribuir, por sua modesta parte, para a constituição de uma antropologia sintética. Mas não se trata somente, repitamos, de preparar um progresso no domínio do conhecimento puro: a meta longínqua a que visamos é uma libertação. Já que o homem é uma totalidade, não basta apenas dar-lhe o direito de voto, sem tocar nos outros fatores que o constituem: é necessário que ele se liberte totalmente, isto é, que se faça outro, agindo tanto sobre sua constituição biológica quanto sobre seu condicionamento econômico, sobre seus complexos sexuais e sobre os dados políticos de sua situação." (Trecho do texto de J.P. Sartre para a abertura do primeiro número da revista Les Temps Modernes - Outubro de 1945). Transcrito do site A terra é redonda.
6.2.22
Do Miguel Rep, a história de amor de Torcuato y Lana.
Há tempos que não compartilho as belas histórias do grande quadrinista Miguel Rep. O dia chuvoso e nublado deste domingo me proporcionou um encontro com o magnífico autor argentino, nesta história publicada no jornal Página 12. O amor de Torcuato y Lana. Admirável! E altamente recomendável!
5.2.22
A cidade vista da cidade
Um novo projeto literário da Atafona está disponível para o conhecimento do público. Trata-se de "A cidade vista da cidade", pensado a partir de uma imagem (abaixo)de autoria do fotógrafo Reinaldo Ziviani. No site da editora é possível o documento com as normas para a participação neste projeto.
¿Crees que la gente tendrá paciencia de leer?
Uma boa conversa entre os escritores Ricardo Piglia y Juan Villoro, publicada na revista Letras Libres em setembro de 2007. matéria da qual fiquei sabendo através do blog Calle del Orco, onde é possível obter um link para o texto integral da publicação.
"La escritura es una exploración que no agota el sentido y, como dices, suspende el problema, le encuentra nuevos detonantes, lo expande. El otro componente del consumo de literatura es la lectura. En El último lector postulas posibilidades extremas de lectores absolutos, lectores terminales; a veces en un sentido literal, como el caso del Che Guevara, un hombre que va a morir leyendo y cuyos últimos gestos son gestos de lectura, o Don Quijote, que es el último lector de una tradición, el lector que clausura las novelas de caballería" (Juan Vllloro)
17.1.22
Do Eric para o Thiago
"Lembro de um homem angustiado, indignado, mas cheio de fé na vida. Falamos do Brasil distante e de seus tempos chilenos, de sua amizade muito próxima com Pablo Neruda e Violeta Parra. De como foi ter traduzido Neruda para o português do Brasil e ter sido por Neruda traduzido para o castelhano. Falamos da sua dor por ter visto sua pátria adotiva ser destroçada." (Belíssimo texto dedicado pelo escritor Eric Nepomuceno ao amigo Thiago de Mello, recentemente publicado no site da Carta Maior. Leitura altamente recomendável).
14.1.22
"Memória para o esquecimento", do palestino Mahmud Darwich
"E o café, para quem como eu o conhece, significa fazê- lo com as próprias mãos, e não recebê- lo numa bandeja, pois quem traz a bandeja traz junto a conversa, e a primeira xícara de café, a virgem da manhã silenciosa, é arruinada pela conversa. O amanhecer, o meu amanhecer, é avesso à fala. O aroma do café pode absorver sons - mesmo um animado e gentil ´Bom dia!´- e rançar."
13.1.22
"Verás un mar de piedras", do poeta chileno Raúl Zurita.
Belíssimo!
Resenha para o livro de Anselm Jappe, "A sociedade autofágica..."
"Todos os atributos tecnológicos facilitadores e promotores de imagens representam – além do fortalecimento da figura do ser que espera tudo à mão rapidamente sem considerar o aparato social por traz de qualquer produto ou serviço – um declínio na difusão da leitura e de capacidades criativas e de raciocínio. A própria crise ecológica se mostra de difícil solução numa realidade em que se faz necessário ganhos cada vez maiores de produtividade." (Trecho da resenha escrita por Alexandre Maruca para o livro de Anselm Jappe. A íntegra da resenha está disponível no site A terra é redonda)
Entrevista recomendável
" La psiquiatría tiene que salir de su atascamiento para ponerse al servicio de la sociedad " , ( Santiago Levín, presidente de ...